o problema da morte
No livro nosso lar uma
das coisas que mais chamou a atenção foi a referência que o espirito André Luiz
fez ao suicídio inconsciente.
Esta é uma situação que
na maioria das vezes está ligada à depressão profunda e ocorre devido a
presença de quadros traumáticos que estão enraizados no subconsciente e não no
inconsciente como o autor fez referência no livro e no filme.
É claro que André Luiz
sabia deste detalhe, mas naquela época o conceito de subconsciente ainda não
estava claro, por isso foi necessário colocar as coisas de forma mais
generalizada.
A influência do inconsciente ou da alma neste
processo sem dúvida é também de importância vital, pois sendo os sentimento uma
característica da alma, se o depressivo tiver os conceitos de leis naturais
devidamente desenvolvidos e tiver a força de vontade necessária, seus inimigos
desencarnados não encontrarão guarita para induzi-lo ao habito da bebida e a
outros tão prejudiciais à saúde mental.
A pessoa para cometer
suicídio tem que ter muita coragem e desapego a vida material, o que ocorre é
que a pessoa as vezes quer ou acredita que precisa cometer o ato, mas não tendo
coragem de fazê-lo de forma consciente usa de subterfúgios para isto, é o
chamado ganho secundário, a bebida passa a ser encarada como uma forma de
prazer que vale a pena e como todo alcoólatra, este também dificilmente aceita
o fato de ser viciado, e sempre que precisa busca apoio no ganho secundário
para si convencer de que está fazendo a coisa certa. Na verdade qualquer forma de auto ataque
injustificado ao corpo físico é uma forma de suicídio, quando encarnamos
trazemos como compromisso a execução de ações que deverão nos elevar moralmente
e o nosso tempo de vida é compatível com o tempo que demanda para execução
desta tarefa, se atrasamos no caminho por atos que deveríamos evitar com nosso
querer então estamos cometendo suicídio, pois o tempo perdido comprometerá
nosso avanço na senda da obra divina.
Há de se ressaltar que,
quando o desgaste físico é causado por amor ao próximo não se trata de
suicídio, já que o amor é o mais nobre sentimento a ser desenvolvido pela
humanidade.
Apesar de sempre
citarmos os vícios com drogas como forma de suicídio inconsciente, ou indireto,
nos tempos atuais um dos desequilíbrio que mais contribui para este tipo de
suicídio é a gula que provoca a obesidade trazendo vários tipos de problemas de
saúde para o paciente.
Veja a seguir como nosso irmão André Luiz
retratou esta situação no livro nosso lar.
“Sorridente, o velhinho
amigo, apresentou-me o companheiro. Tratava- se, disse, do irmão Henrique de
Luna, do Serviço de Assistência Médica da colônia espiritual. Trajado de
branco, traços fisionômicos irradiando enorme simpatia, Henrique auscultou-me
demoradamente, sorriu e explicou:
- É de lamentar que
tenha vindo pelo suicídio.
Enquanto Clarêncio
permanecia sereno, senti que singular assomo de revolta me borbulhava no
íntimo.
Suicídio? Recordei as
acusações dos seres perversos das sombras.
Não obstante o cabedal
de gratidão que começava a acumular, não calei a incriminação.
- Creio haja engano -
asseverei, melindrado -, meu regresso do mundo não teve essa causa. Lutei mais
de quarenta dias, na Casa de Saúde, tentando vencer a morte. Sofri duas
operações graves, devido a oclusão intestinal...
- Sim - esclareceu o
médico, demonstrando a mesma serenidade superior -, mas a oclusão radicava-se
em causas profundas. Talvez o amigo não tenha ponderado bastante. O organismo
espiritual apresenta em si mesmo a história completa das ações praticadas no
mundo.
E inclinando-se,
atencioso, indicava determinados pontos do meu corpo:
- Vejamos a zona
intestinal - exclamou. - A oclusão derivava de elementos cancerosos, e estes,
por sua vez, de algumas leviandades do meu estimado irmão, no campo da sífilis.
A moléstia talvez não assumisse características tão graves, se o seu
procedimento mental no planeta estivesse enquadrado nos princípios da
fraternidade e da temperança.
Entretanto, seu modo
especial de conviver, muita vez exasperado e sombrio, captava destruidoras
vibrações naqueles que o ouviam. Nunca imaginou que a cólera fosse manancial de
forças negativas para nós mesmos? A ausência de autodomínio, a inadvertência no
trato com os semelhantes, aos quais muitas vezes ofendeu sem refletir,
conduziam-no frequentemente à esfera dos seres doentes e inferiores. Tal
circunstância agravou, de muito, o seu estado físico.
Depois de longa pausa,
em que me examinava atentamente, continuou:
- Já observou, meu
amigo, que seu fígado foi maltratado pela sua própria ação; que os rins foram
esquecidos, com terrível menosprezo às dádivas sagradas?
Singular desapontamento
invadira-me o coração. Parecendo desconhecer a angústia que me oprimia,
continuava o médico, esclarecendo:
- Os órgãos do corpo
somático possuem incalculáveis reservas, segundo os desígnios do Senhor. O meu
amigo, no entanto, iludiu excelentes oportunidades, esperdiçando patrimônios
preciosos da experiência física. A longa tarefa, que lhe foi confiada pelos
Maiores da Espiritualidade Superior, foi reduzida a meras tentativas de
trabalho que não consumou. Todo o aparelho gástrico foi destruído à custa de
excessos de alimentação e bebidas alcoólicas, aparentemente sem importância.
Devorou-lhe a sífilis energias essenciais. Como vê, o suicídio é incontestável.
Meditei nos problemas
dos caminhos humanos, refletindo nas oportunidades perdidas. Na vida humana,
conseguia ajustar numerosas máscaras ao rosto, talhando-as conforme as
situações. Aliás, não poderia supor, noutro tempo, que me seriam pedidas contas
de episódios simples, que costumava considerar como fatos sem maior
significação. Conceituara, até ali, os erros humanos, segundo os preceitos da
criminologia. Todo acontecimento insignificante, estranho aos códigos, entraria
na relação de fenômenos naturais. Deparava-se-me, porém, agora, outro sistema
de verificação das faltas cometidas.
Não me defrontavam
tribunais de tortura, nem me surpreendiam abismos infernais; contudo,
benfeitores sorridentes comentavam-me as fraquezas como quem cuida de uma
criança desorientada, longe das vistas paternas.
Aquele interesse
espontâneo, no entanto, feria-me a vaidade de homem. Talvez que, visitado por
figuras diabólicas a me torturarem, de tridente nas mãos, encontrasse forças
para tornar a derrota menos amarga.
Todavia, a bondade
exuberante de Clarêncio, a inflexão de ternura do médico, a calma fraternal do
enfermeiro, penetravam-me fundo o espírito. Não me dilacerava o desejo de
reação; doía-me a vergonha. E chorei. Rosto entre as mãos, qual menino
contrariado e infeliz, pus-me a soluçar com a dor que me parecia irremediável.
Não havia como discordar. Henrique de Luna falava com sobejas razões. Por fim,
abafando os impulsos vaidosos, reconheci a extensão de minhas leviandades de
outros tempos. A falsa noção da dignidade pessoal cedia terreno à justiça.
Perante minha visão espiritual só existia, agora, uma realidade torturante: era
verdadeiramente um suicida, perdera o ensejo precioso da experiência humana,
não passava de náufrago a quem se recolhia por caridade. (FRANCISCO CANDIDO XAVIER, 1943, p. 25)
PROBLEMAS
DA MORTE
Milhares de criaturas
regressam do templo da carne, cada dia, no mundo, aos planos da Vida
Espiritual. Raras, porém, abandonam a Terra, com o título do trabalhador que
atendeu ao cumprimento das próprias obrigações. Quase todas deixam o corpo
denso pelo suicídio indireto.
Em todos os lugares do
planeta, vemos quem si envenena, destacamos quem elimine a vida do estômago,
superlotando o aparelho gástrico de viandas excitantes ou corrosivas.
Reconhecemos quem si
confia a vícios multiformes, criando monstruosos vermes mentais que se
encarregam de aniquilar as possibilidades orgânicas.
Identificamos quem
anestesia as próprias forças, enregelando-se pela ociosidade sistemática.
Encontramos quem arme
laços fatais aos próprios pés, movimentando ambições inferiores nas quais se
conduz na luta de cada hora. Vemos quem si asfixia ao calor das próprias
paixões desenfreadas.
Observamos quem si
sufoca no pântano dos próprios pensamentos delituosos e escuros.
Preservai o corpo, como
quem reconhece no santuário da carne, o mais alto tesouro que o mundo é
suscetível de oferecer. A experiência na Terra não é conferida em vão. Cada
vida possui uma diretriz, um programa, uma finalidade.
Aquele que si ajusta à
Divina Vontade incorpora a sua tarefa à obra incessante do Bem Infinito.
Se tendes de doar as
próprias energias, sem receio da morte, aprendamos com Cristo a ciência do
sacrifício pessoal pelo bem de todos.
Auxiliar
constantemente, velar pelos que sofrem, amparar os que si transviam, extinguir
as trevas da ignorância e balsamizar as feridas do próximo constituem esforço
de renunciação que nos leva ao Plano Superior. Muitos si matam na Terra e
poucos morreram para que outros possam viver dignamente.
Não nos esqueçamos de
que enquanto Pilatos, com aparente tranquilidade, comprava o remorso que o
conduziria ao suicídio direto, através da justiça mal aplicada, Jesus expirava
no madeiro, entre angústia do próprio coração e o sarcasmo dos que assistiam,
adquirindo, porém, a glória da ressurreição que acendeu no mundo a luz da
imortalidade para todos os séculos terrestres. (Francisco Cândido Xavier, p. 39)
A crueldade do destino
me colocou este negro véu
O descaso e o desamor
daquele que está no céu
Hoje vivo na amargura
insana dos vícios
Negligenciando meus
mais nobres compromissos
De repente meu débil
corpo estremeceu
Rapidamente minha vista
escureceu
Abaixo de mim um vácuo
se abriu
E um mundo de fogo
surgiu
Não queira você ouvir
meu lamento
Poucos aguentariam sem
rebento
Meus gritos que no
vazio se lança
Levando a dor como
herança
Um balsamo bendito
surgi a meu lado
Uma mão estendida com
agrado
Uma figura divina que
sorria em pé
Me convocando ao
arrependimento e fé
Meu coração acelerado a
Deus agradeceu
Pois hoje eu sei que o
erro foi meu
Andei pela vida perdido
em vícios
Hoje,
regatei a vida com sacrifícios
Kleber Lages
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