A caminhada da humanidade, neste sentido, não tem sido nada fácil,
embora seja normal em relação à eternidade. Quando Moisés ensinou a seu povo o
sacrifício de seus animais e bens preciosos a um Deus supremo, já era um
trabalho de implantação do amor, pois a Deus não agrada o sacrifício de
animais, mas o povo daquela época não estava preparado para entender a
importância do desprendimento, que é uma das principais características do
amor. Apesar de essas doações serem feitas por temor a um ser supremo e
desconhecido, isto de certa forma viria a desenvolver na alma do ser humano, o
conceito de desprendimento, já ali implantado em forma de instinto. Jesus chega
depois então com um conceito totalmente revolucionário para aquele povo, abole
a ideia de um povo escolhido e declara toda a humanidade como filhos de Deus.
Agora somos todos irmãos, e pertencendo a uma mesma família. A definição do que
é “meu” muda completamente de figura, o desprendimento não poderia mais ser só
em função de um ser supremo, mas também em função do seu semelhante, que sendo
seu igual passaria a ter os mesmos direitos, além do mais a noção contida em
“olho por olho, dente por dente”, pregada anteriormente, não poderia mais existir
já que a humildade e o amor eram condições indispensáveis à salvação. Desta forma
o ódio que alimentava a vingança também teria que ser abolido.
Nesta tumultuada fase da compreensão do amor pelo homem, só uma elevada
moral como a do Cristo poderia implantar com sucesso tal conceito. Para um povo
que se consideravam escolhidos para o privilégio de herdar a Terra, foi um
choque ouvir Cristo dizer que o reino herdado não seria deste mundo. Só o fato
de Jesus falar em herança já foi alarmante para quem não entendia direito o
amor. Para o povo de Israel não existia a doação, a posse de bens deveria ser
tomada a força, formas de agir que Cristo negou categoricamente e ainda foi
mais longe dizendo: “Bem-aventurados os pobres de espírito” (humildes);
“Bem-aventurados os brandos e pacíficos” (piedosos); “Bem-aventurados os limpos
de coração” (inofensivo a honra do próximo);“Bem aventurado os misericordiosos”
( que não guarda mágoa e continua ajudando mesmo quando ofendido); “Se alguém
te ferir na face direita, oferece-lhe também a outra”;” Ao que quer demandar
Contigo em juízo; para tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa”; “se alguém
te obrigar a ir Carregando mil passos, vai com ele ainda mais outros dois mil”;
“Dá a quem te pede, e não voltes às costas ao que deseja que lhe emprestes”;
“Ame seus inimigos”. Todos esses conceitos internalizados nos subjugam à lei do
progresso. Se quisermos conquistar o reino dos céus, e se há um condicionamento
para se alcançar um determinado estado de coisas, então somos súditos desse
condicionamento, que aqui no caso são os conceitos, e a partir do momento em
que adotamos estes conceitos, passamos também a ser súditos deste estado de
coisa; aqui no caso do reino dos céus, somos trabalhadores na construção para
expansão deste reino e nosso pagamento é a nossa própria construção traduzida
por nossa evolução moral.
Texto inspirado no livro dos espíritos e no Evangelho segundo o
espiritismo de Alan Kardec.
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