Construído este estruturado paralelo entre a ação dos traumas e da
consciência, você deverá estar apto a perceber que consciência gera
consciência. Usando um modelo simples de raciocínio, podemos pensar nos
conhecimentos matemáticos de uma criança; aquela que ainda não conhece os
números não saberá fazer contas, como aquelas que não aprendeu fazer contas não
conseguirá aprender expressões numéricas. Conhecimento gera conhecimento, isto é
sabido por todos, o que alguns desconhecem e que um conhecimento especifico,
gera uma consciência eterna e constantemente atuante, quando em sua reforma íntima
você percebe a necessidade de erradicar seus defeitos morais, você adquire
consciência desta necessidade, e se realmente entendeu o porquê desta
necessidade, esta consciência elimina a ignorância e existirá para sempre no
lugar dela.
Evidente que o simples entendimento desta necessidade não eliminará seus
defeitos, mas funcionará como trampolim impulsionando sua vontade de eliminá-los.
Com este primeiro passo dado você terá condições de buscar soluções visando seu
bem estar. É o conhecimento ou pelo menos a noção das leis naturais que te fornecerão
de forma segura o entusiasmo e a força inicial para uma relação mais estreita e
verdadeira com sua alma. No final do livro estou apresentando uma boa noção
dessas leis, é interessante que você leia pelo menos o suficiente para entender
como funcionam.
Em nossa realidade interior as leis naturais agem de forma automática
como agem em qualquer outro fenômeno, a diferença é que somos uma consciência
por trás desta realidade e é este um diferencial enorme que determina um maior
ou menor sofrimento. É evidente que estamos nos referindo aqui a uma
consciência espiritual e não ao mero conhecimento da lógica que organiza os
elementos físicos, embora pareça complicado é muito mais simples entender a
religião do que a ciência, o que torna mais difícil o entendimento mais apurado
da lógica religiosa são os defeitos morais. O egoísmo é uma dessas grandes
barreiras, pois para o egoísta entender a religião, terá que abrir mão de sua
filosofia de vida, que é a de acumular o máximo de bens materiais possíveis, e
mais do que isso, abrir mão de muita coisa já conquistada, e isto é doloroso
para quem tem apego excessivo a matéria. Cria-se então subterfúgios para
mascarar a necessidade religiosa em favor do acúmulo de bens matérias, na
verdade, este é um processo mais complexo do que parece, pois apesar de
geralmente falarmos em egoísmo, por traz deste, há sempre pilares de
sustentação que funcionam também como um alimento para o egoísmo- o orgulho e a
vaidade, por exemplo, são defeitos morais que retroalimentam o egoísmo formando
um complexo difícil de fragmentar. Não só os sentimentos como orgulho e vaidade
podem exercer esta função, mas também os traumas.
Frequentemente vemos o complexo de inferioridade causado por um trauma
de infância, forçar o indivíduo às mais cruéis barbáries na tentativa de provar
seu valor ou somente para alimentar sua doentia autoestima. Além disso, as
pessoas mentem, dissimulam e frequentemente usam um verniz social tentando te
agradar ou te humilhar.
Pelos motivos supracitados, até mesmo o ambiente que estamos olhando e
percebendo não apresenta para nós sua realidade, nossa percepção é construída
em cima de nossa própria realidade interna, cada pessoa percebe uma realidade
diferente em uma mesma situação.
Um exemplo clássico de formação de trauma associativo acontece no trânsito.
Se o motorista sai de casa atrasado e com problemas a resolver, bastará que
alguém atravesse na frente do carro ou buzine, para que ele solte um palavrão. Passado
esse episódio, ele segue em frente sem se preocupar com o que aconteceu, mas uma
coisa ruim começou a se formar em sua mente, como em seu consciente imperava um
quadro psicológico de preocupação e irritação. A buzina que ouviu foi integrada
a esse bloco que está na superfície de sua mente, formando um bloco só, e da
próxima vez que ouvir alguém buzinar de novo para ele, a lembrança das emoções
gravadas neste quadro virá à tona, e ele soltará outro palavrão, só que desta
vez sem saber ao certo o porquê.
Seria diferente se ele não
tivesse formado este quadro traumático. Possivelmente a situação passaria pelo
filtro da consciência e a reação seria mais ponderada.
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